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Justiceiro | Segunda temporada da série não faz o básico e decepciona


Jon Bernthal interpreta um decente Frank Castle na série.

A segunda temporada de Justiceiro chegou dia 18 de janeiro nas telas da Netflix, e toda a esperança de finalmente ver o mesmo Justiceiro que vimos na segunda temporada de Demolidor ficou para uma eventual nova chance, não foi desta vez que a qualidade de 2016 foi repetida, infelizmente.

Em uma trama que já se inicia errada pelo fraco final da primeira temporada, Frank Castle (Jon Bernthal) está em uma espécia de road trip para tentar viver uma vida comum, se dar mais uma chance de tentar, agora na alcunha de Peter Castiglione, nova identidade adotada por Frank Castle, devido aos fatos da primeira temporada, e o início apesar de controverso com o personagem nas hq´s, consegue ser agradável, mas não dura tanto.

Em uma de suas paradas em um bar na estrada, Castle se depara com uma atraente bartender, e após defendê-la de um bêbado no bar (bem cliché mesmo) os dois se veem atraídos e acabam se relacionando, bem rápido, sem muito trabalho dos roteiristas, mostrando que essa segunda temporada seria bem diferente de nossas expectativas.

Após Frank flertar com a superação de seus traumas e dilemas demônios interiores, a série já corta abruptamente para o primeiro momento de violência, raramento mostrado de forma satisfatória nesta temporada, mas ainda assim, em uma boa cena. Frank Castle é puxado de volta para o seu inferno astral ao impedir um grupo de agressores de sequestrar uma menina, que até então não parecia guardar um segredo tão grande, obviamente não revelado ao fim deste texto, não somos tão estraga prazeres assim!

Erro crucial da série, o mesmo do final da primeira temporada, é assumir algumas liberdades, como desenvolver um Frank Castle em negação constante, sempre tentando fugir do que foi feito para ser, que é ser um assassino em massa, fazendo com que o anti-herói exite antes de suas ações, e que ele consiga criar laços com outras pessoas, como Amy (Giorgia Whigham), a garota resgatada do bar. A amizade dos dois é uma das tramas mais arrastadas da série, mas logo se desenvolve para uma relação de mentor e aprendiz que combina pitadas de humor com momentos assustadores, trazendo momentos interessantes para a série, mas nada fiéis á personalidade original do personagem.

Billy Russo, certamente um dos piores e mais preguiçosos visuais já adaptados pela Netflix. Rivaliza com o Punho de Ferro.

Mais uma grande decepção foi o retorno de Billy Russo (Ben Barnes), que interpreta um errante Retalho, sem memórias, sem o visual minimamente necessário para uma adaptação que se leve a sério, quase inexplicável ao ser produzido pela Netflix, mas é o que temos aqui.

Ao contrário de assumir seu posto como um impiedoso chefão do crime, fato mais do que esperado perde toda sua memória após quase ser brutalmente assassinado por Castle. Este mecanismo narrativo adotado na série é o fato que mais atrasa a trama, durando mais da metade dos capítulos (impressionantes oito deles) sem oferecer nenhum tipo de perspectiva nova. Nos fez somente ver uma nova criação de vilão e personagem, algo que poderia ser interessante, se o personagem já não tivesse 13 episódios anteriores para tal fato, na primeira temporada.

Se um vilão já foi mal o suficiente nesta temporada, porquê não dois? Se o Retalho é mal utilizado aqui, John Pilgrim (Josh Stewart) então sequer tem alguma importância. Nazista que tornou-se padre, e adaptado de uma HQ de Garth Ennis, o personagem nunca consegue se provar habilidoso, ameaçador, ou uma verdadeira ameaça á Frank Castle.

O personagem não consegue nem ao menos revelar suas motivações e objetivos de forma satisfatória.


Mesmo com tramas arrastadas e vilões mal escritos e dirigidos, a série ainda tem momentos de excitação, quase em sua totalidade em cenas de extrema violência, o que levanta mais uma vez a questão: A Netflix falhou em fazer o básico. Errou ao tentar trazer redenção para um personagem que tem seu apelo na violência, na habilidade técnica e tática de enfrentar centenas de adversários e sair vitorioso, errou ao exitar em escrever tramas simples, em retratar a guerra ao crime, as drogas, as gangues, a mafia, á problemas já conhecidos do Justiceiro, mas que são as tramas que mantém o personagem reverenciado até hoje.


Considerando todo imbróglio entre Marvel, Disney e Netflix é difícil imaginar uma terceira temporada para Justiceiro, e fica o amargo gosto de possivelmente nunca mais vermos John Berthal como Frank Castle, muito menos com a qualidade que seu personagem mostrou na segunda temporada de Demolidor.




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