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Nerdlife | Colecionar é viver



Quem nunca, em alguma época de sua vida, teve uma coleção? Seja ela de selos, moedas, latas de cerveja, discos, brinquedos, filmes ou até mesmo de coisas mais bizarras e incomuns? O ato de colecionar faz parte da natureza humana e muitas são as pessoas que mantêm algum tipo de coleção.



Não se pode precisar a origem do colecionismo, mas sabemos que ele nasceu junto com o ser humano. Achados arqueológicos comprovaram que desde o tempo das cavernas o homem coleciona objetos e atribui a eles valor que justifica sua posse por longos períodos. E este valor pode ser afetivo, cultural, espiritual ou mesmo material. Estes homens primitivos guardavam pedras e conchas, atraídos por seus formatos e cores.



Pouca gente sabe, mas foi este hábito, algumas vezes criticado ou incompreendido, que deu origem aos museus. Durante a renascença, até o século XVI, a coleção era um privilégio dos nobres e mais abastados, que colecionavam principalmente objetos de valor que poderiam aumentar ainda mais a sua fortuna, como por exemplo, o faraó Tutancâmon, que colecionava cerâmicas finas e o rei Nabucodonosor que mantinha uma coleção de antiguidades.



Os aristocratas também guardavam praticamente de tudo um pouco: animais embalsamados, plantas, minerais, fósseis, objetos exóticos de outros países, aberrações da natureza, obras de arte e uma infinidade de artefatos. Este acervo era guardado nos chamados “gabinetes de curiosidades”, verdadeiras exposições particulares que contribuíram também para o estabelecimento da História Natural e do Enciclopedismo. A partir do século XVII, com as doações destas coleções privadas, nasceram os primeiros museus, da forma como os conhecemos. As bibliotecas, os museus e a Igreja Católica estão entre os maiores colecionadores da atualidade.



Perfil

Nos dias de hoje o ato de colecionar se democratizou, atingindo boa parte da população nas diversas classes sociais. Segundo especialistas, o perfil do colecionador moderno o coloca numa faixa etária entre 25 e 50 anos de idade, com certa independência financeira e acesso à Internet para controle, divulgação e ampliação de sua coleção. Embora o colecionismo seja um território de domínio masculino, cada vez mais mulheres começam a ingressar neste universo e, a exemplo de seus colegas, participam de convenções e exposições relacionadas à sua coleção.



Quando o assunto é coleção, não existem a melhor ou a pior, a certa ou a errada. O que existe são preferências. Tem gente que se dedica à coleção de selos, de moedas, de filmes, de discos e até mesmo de carros. Quem pode julgar o valor de cada uma delas é o colecionador. Embora sejam peças materiais, seus valores são imateriais.



E não são apenas os anônimos que se dedicam apaixonadamente às suas coleções, muitos famosos cultivam o hábito, como os atores Johnny Depp, que coleciona esqueletos de animais; Angelina Jolie, que possui uma coleção de facas; Tom Hanks, que ama máquinas de escrever; e Kiefer Sutherland, que mantém dezenas de guitarras clássicas em seu acervo. O rei do pop, Michael Jackson, entre outras excentricidades, colecionava harpas e carruagens antigas. Por aqui, no Brasil, o apresentador Otávio Mesquita, se orgulha de sua coleção de carrinhos de corrida; Luísa Mell coleciona copinhos de licor; Vera Fischer (foto acima) não esconde sua paixão pelo cinema ostentando uma bela coleção de DVDs em sua página do Instagram; e Amauri Jr. mantém uma invejável coleção de DVDs e de miniaturas de personagens variados. Isso sem falar da roqueira Rita Lee que, segundo a lenda, guardava casquinhas de machucado em uma caixinha.


O colecionador

Motivo de vários estudos entre especialistas, o colecionismo pode ser considerada uma arte acadêmica, que moldou muito das características do homem moderno como um ser ávido por novidades, interessado por aquilo que desconhece e protetor de tesouros e raridades.



O chamado homem-colecionador, por definição, é um incansável buscador de novas aquisições para seu acervo. Ele nunca está e nem será saciado. Os colecionadores compulsivos não se atêm à qualidade, história ou raridade da peça que adquirem, eles querem quantidade e, em muitos casos, acabam por adquirir inúmeras peças ao mesmo tempo. Este comportamento representa o lado ruim do hábito de colecionar. Uma coleção “saudável’ é aquela cultivada a cada dia, com peças sendo adicionadas aos poucos, artefatos que têm uma história ou mesmo representam um momento na vida do colecionador.



O colecionador e, por consequência, sua coleção são influenciados por fatores sociais, familiares, pessoais e econômicos, entre outros. Tudo isso contribui até mesmo na escolha daquilo que ele irá colecionar. Considerado por muitos como um ser alienado e egoísta, o colecionador, na verdade, a exemplo de todos os outros seres humanos, está sempre em busca da satisfação de um desejo ou necessidade, que, no seu caso, é atingida aos poucos, com cada item adicionado à coleção. A maioria deles gosta de compartilhar sua paixão com outros colecionadores, fazer novos contatos e amizades com interesses parecidos. Alguns, no entanto, preferem que ela fique no anonimato. O segredo para uma coleção prazerosa é o mesmo para todos os aspectos de uma vida saudável: evitar excessos.



Uma dica, contudo, é importante para quem quiser preservar a amizade de um colecionador: nunca peça emprestado algum item de sua coleção.



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