Logan.

Logan é sem dúvida um dos futuros pilares e obras primas relacionadas a quadrinhos em cinema, toda a expectativa e ansiedade na espera de sua estréia se fez justa e as palmas recebidas no festival em Berlim, em que foi exibido são merecidas. A história não adapta nenhuma HQ, apesar da especulação em cima da HQ "Velho Logan" de Mark Millar e Steve Mcneven, o filme tem uma ideia original, com inspirações em diversos quadrinhos, o "Velho Logan" não fica fora disso, mas para por ai.

Toda a brutalidade que os fãs desejavam está presente neste longa, não apenas fisicamente, o filme tem sim sua grande cota de sangue e membros amputados, mas a verdadeira densidade do filme se encontra no seu clima, nos relacionamentos belamente trabalhados e em sua trama. Hugh Jackman e Patrick Stewart dão um show a parte, com destaque maior ainda para Patrick como Xavier, pela ultima vez, sua atuação como um velho debilitado, doente, é tocante e muito convincente, você sente pena do personagem, você tem vontade de sair de sua cadeira no cinema e ajudá-lo, ajudá-lo a se mover, ajudá-lo a tomar seus remédios, ajudá-lo em suas discussões com Logan e mais importante, ajudá-lo a lembrar, professor Xavier está sofrendo de um mal cada vez mais comum no mundo real, o Alzhaimer. E o que a mente mais poderosa do mundo se transforma quando se perde o controle? Na maior arma existente, sendo possivelmente á causa de toda a derrocada da raça mutante. A relação entre Logan e Charles é crível e bonita, a figura paterna que Charles exerce na vida de Logan, toda a base de respeito e gratidão, desde que o mesmo pode se lembrar é marcante e faz com que o nosso querido Wolverine baseie sua vida na não tão simples tarefa de cuidar de Charles e suas necessidades.

O enredo do filme é de um futuro sem mutantes, a 23 anos não se nasce um ser humano com habilidades extraordinárias e a raça mutante está em extinção. Os X- men não existem mais, e os remanescentes, Charles e Logan têm sua parcela de culpa nisto de alguma forma. Mas ambos estão procurando sua paz, até que aparece Laura, a X-23, e qualquer receio que alguém possa term em uma pequena atriz de 11 anos estar desempenhando um papel tão adulto em um filme tão dramático se vai em sua primeira cena de impacto, a atriz Dafne Keen mostra uma desenvoltura inimaginável durante o filme, com uma atuação firme e profunda, já deslumbra um futuro muito promissor no mundo artístico. O desenvolvimento da relação entre Laura e Logan é desenhada de uma maneira perfeita durante o filme, assim que a figura paterna é desenvolvida e reconhecida por ambos, pai e filha, rendendo cenas engraçadíssimas e emocionantes durante o filme, sem dúvida sendo o ponto alto da obra, o desenvolvimeno e relacionamento entre seus personagens. O único ponto falho foi a utilização dos carniceiros, eles são sim os vilões do filme, mas nunca transmitem um grande risco por si só, parecendo apenas seres humanos com alguns membros biônicos, sendo uma ameaça muito inferior do que poderiam ser e do que são nos quadrinhos. O filme é quase um filme com um super-herói no meio e não um filme de super-herói de fato, o antigo clima road trip que era tão famoso em eras passadas nos cinemas é homenageado de forma belíssima, fazendo com que a tarefa de narrar a derradeira aventura de um personagem nos cinemas seja elevada ao mais alto nível, superando de longe Batman: O cavaleiro das trevas ressurge. Logan é como uma graphic novel dos quadrinhos feita no cinema, a Fox desempenhou nesta obra um trabalho com uma qualidade jamais vista em seus filmes anteriores e esperamos que mais filmes como este possam ser produzidos no futuro, se depender do público pagante e crítico isso já é uma certeza.