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Como Frank Miller revolucionou a indústria com Batman - O cavaleiro das trevas retorna!


O ano é 1986, os Estados Unidos estão vivendo o controverso governo de Ronald Reagan, de um lado a televisão está no ápice da influencia sobre as pessoas como nunca, estão dominadas, adormecidas, sem ídolos para seguir, sem idéias para seguir e do outro lado um escritor de quadrinhos em ascensão e com liberdade autoral numa época tão controversa, com uma forte ideia crítica. Este é o cenário em que o promissor escritor Frank Miller nos presenteia com a obra Batman: O cavaleiro das trevas retorna, após seu sucesso estrondoso com o gibi do Demolidor, salvando o quadrinho do cancelamento, a historia em quadrinhos que mudou a industria, que influencia os super heróis nos quadrinhos, nos cinemas e na televisão até hoje foi publicada numa época difícil para os Estados Unidos e chega com um teor político fortíssimo, com grande crítica ao governo e sociedade da época, muda para sempre a imagem do Batman, que até então era imaginado pelo público em geral como o bem humorado seriado estrelado pelo Adam West, da década de 60, suas histórias em quadrinhos eram bobas e descompromissadas, muito do herói sombrio que vemos hoje em dia, noturno e violento vem da graphic novel Batman: O cavaleiro das trevas retorna. Na história o mundo não tem super-heróis, os heróis estão proibidos de atuar, a Mulher- Maravilha volta para a ilha das amazonas, o Lanterna Verde se muda para o espaço, o Super-Homem se torna um agente do governo e o Batman se aposenta. Ponto interessantíssimo da história é a luta ideológica entre o Super-Homem e Batman, um como o lacaio do governo, agindo aos interesses do país de forma clandestina, Super-Homem desequilibra a guerra entre os USA e seus países rivais a favor dos americanos, enquanto morcego faz o papel de anarquista, símbolo revolucionário, na hq ele se desenvolve como um ídolo da juventude, representando o povo e seus interesses. Uma das frases mais impactantes da história das hqs, numa luta frenética entre os ex-companheiros, Batman solta a seguinte frase - "Você traiu á todos nós Clark, deu a eles o poder que deveria ser nosso", o Super-Homem deu ao governo o poder, seu poder, poder que deveria representar o povo, poder que deveria defender o povo e não aos interesses do do governo.



Muito são os pontos interessantes que Frank Miller aborda nesta obra, a dualidade entre Bruce Wayne e Batman, ele bota em questão quem é a pessoa real e quem é o alter ego, ele bota o Batman como a personalidade real e Bruce Wayne como o disfarce, a pessoa real é o Batman, que sai a luta toda as noites, que combate o crime , que busca justiça. A sequência de cenas em que Bruce Wayne se cansa da apatia da população, do crime nas ruas abandonadas pelo governo e seus interesses políticos e deixa o morcego "entrar" em sua casa e dominar novamente seu corpo é incrível. Dinamismo que apenas os quadrinhos conseguem proporcionar e Frank Miller narra de maneira única.


Frank Miller tem a audácia de matar o Coringa, no que para muitos é considerado o maior embate entre os dois, ele traz a questão dos vilões existirem por culpa dos heróis, o Coringa fica recluso, mudo, paralisado por todo o período em que o Batman estava fora de ação. O Coringa está morto, para o mundo e para si mesmo, o agente do caos não é nada sem sua contraparte, sem o Batman o Coringa perdeu a vontade de viver. A cena de sua volta á "vida', quando toma conhecimento do retorno do Batman, o retorno do sorriso ao palhaço é uma cena que arrepia. O Coringa está feliz, feliz porque seu melhor amigo está de volta.


A indústria cinematográfica deve muito á mudança de teor que esta obra trás, o famoso filme de Tim Burton de 1989 tinha a premissa de seguir o clima que a série de 1960 tinha, tom que foi alterado após o sucesso que a série em quadrinhos teve, o controverso Batman vs Superman tem os pontos altos do filme nas referências feitas ao quadrinho de 86, quem não surtou no embate entre os heróis, cheio de referências? É quase uma unanimidade! E não para por ai até chegarmos ao filme Batman versus Superman, que foi aos cinemas neste ano, tivemos dezenas de filmes de super heróis, o próprio Batman teve algumas versões, umas de muito sucesso e outras nem tanto, a Fox comprou os direitos de vários heróis da Marvel, os X-men, que hoje em dia são filmes datados e criticados foram um grandíssimo sucesso na época, a Sony com os filmes do Homem-Aranha, o elogiadíssimo Marvel Studios, modelo ideal para os filmes de super heróis que hoje fazem muito sucesso e muito dinheiro, mas até a estréia de Batman, de 1989, os filmes de heróis não tinham credibilidade, nem mesmo o estúdio responsável pelo filme tinha fé no gigantesco sucesso que fez, fato curioso que Jack Nicholson aceitou fazer interpretar o Coringa após fechar um lucrativo contrato de boa parte da bilheteria do filme, falo que o deixou milionário na época.


Batman: O cavaleiro das trevas é uma obra prima da nona arte, se você nunca leu, leia agora, se você já leu, leia novamente, a história é rica em conteúdo, político, social e sem perder o teor que uma grande história em quadrinhos tem que ter!




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